GRITO DE ALERTA
Sou Seli Nachtigall Maurício, artista plástica, ambientalista, arte-educadora. Estudo seitas, pois sinto que estas estão interferindo por demais na educação integral do indivíduo, com suas deturpadas filosofias.
Este trabalho é dedicado a todos os seres humanos que através dos tempos lutaram impetuosamente pela justiça e dignidade humana. A estes seres que deram seu sangue e pelejaram sem trégua para elevar a verdadeira moral da humanidade. A estes toda a honra e reconhecimento.
Meu especial e eterno agradecimento a esta grande alma, Ofélia B. Cardoso, pelo seu livro “Faça Seu Filho Feliz”.
Tudo começou em 1992 através de uma reportagem na TV que marcou profundamente minha vida a ponto de nunca mais ser a mesma. Cenas terrivelmente tristes e chocantes. Eu vi crianças sendo vítimas de um louco fanático que as conduzia para o reduto da anti-vida, sem a mínima compaixão. E o pior de tudo isso: Em nome de Cristo! Esta seita denominava-se Irmãos da Cruz. Ali as crianças não podiam brincar nem conversar. O banho só podia ser feito com vestes longas, a nudez era pecado. Tudo era proibido. A vida lhes era negada. A tristeza nos olhos das crianças era um grito silencioso de socorro. Eles caminhavam o dia inteiro
Meu Deus, meu Deus, o que eu poderia fazer? Que atitude tomar? Num mundo pós-moderno a teologia da escravidão em pleno vigor? Penso então em escrever para autoridades pedindo ajuda. Mas como seria isso? Se a liberdade religiosa não permite qualquer intervenção? Estava de mãos atadas e absolutamente SÓ. Foi neste momento que senti todo o tormento que PASTEUR passou para salvar o menino José Meiter que fora mordido por um cão raivoso. O nobre químico enfrentava a crítica de seus inimigos que enciumados com o sucesso de suas pesquisas, o atacavam violentamente, porém sua força foi maior, e, assim ele inaugurou a grande vacina no menino e este se salvou.
Porém eu, mulher e sem doutorado em teologia poderia fazer algo por essas pequenas vítimas de uma doutrina psicopata? Como criar uma vacina para curar este câncer maligno que é a ignorância?
Minha luta começou. Procurei autoridades no assunto e sempre a mesma resposta: “Precisamos respeitar a religião alheia”. A revolta tomou conta de mim. Como assim? Respeitar a ignorância pura? Desprovida completamente de razão? Deixar esta epidemia infectar o mundo sem nada fazer? Comecei a me deprimir, pois a desilusão era diária, sentia-me vivendo numa sociedade de consciências mortas. Como ressuscitá-las? Acomodar-me, jamais. Era preciso argumentar então me lancei numa busca profunda de informações, onde encontrei Erich Fromm com seu livro “Medo à Liberdade”. Ali encontrei muitas respostas para minha alma aflita. Nunca entendi o porquê deste grande psicanalista da sociedade contemporânea ser descartado tão rapidamente, ficar fora de moda?
Então me perguntava: Por que Cristo até hoje não é compreendido em sua totalidade? Por que tantas religiões se Cristo é um só? Dividir o cristianismo é fazer Cristo em pedaços.
Fromm me empurrou a estudar mais. Li o Novo Testamento várias vezes, dezenas de livros sobre a vida de Cristo cujos autores eram de religiões variadas. Fiquei enojada, pois cada qual puxava a brasa para o seu assado, uma disputa ferrenha pela posse do seu Salvador.
Na ânsia de defender minhas idéias me aprofundei nos estudos e pesquisas. Foi quando encontrei em um dos meus antigos recortes de jornal uma reportagem de um crime hediondo de repercussão internacional. Tratava-se do caso “Deusinho” acontecido em 1980, no interior da cidade de Piratini-RS, um brutal assassinato com duas mortes e um sobrevivente que teve um dos braços decepados. Eles foram mortos em nome da pureza divina, pois o pastor havia dito aos fiéis que os remédios aqui da terra eram a “besta do mal”. Deusinho tinha vindo do culto, quando soube que sua mãe e irmãos haviam ingerido alguns analgésicos. O assassino enlouquecido quis tirar o remédio do corpo deles para que ficassem puros.
Toda imprensa falava da insanidade mental de Deusinho, mas e sobre o pastor? Alguém investigou sobre sua pregação? Afinal, foi ele quem causou indiretamente essa tragédia. Os falsos profetas andam por aí fazendo lavagem cerebral a torto e a direito e nenhuma atitude é tomada. Mais que o tal Deusinho, os verdadeiros criminosos são estes que distorcem a inteligência de Cristo tornando-O uma grotesca caricatura minada de preconceitos.
Já estava no meu limite, não agüentava mais, era tudo ou nada. Assim como Pasteur, teria que desenvolver um antídoto para o poderoso veneno que é a ignorância. Tudo indicava para a necessidade da busca de uma educação sadia e voltada para as leis universais da natureza.
Movida por um forte espírito de luta, escrevi o “PROJETO EDUCAÇÃO PARA O TERCEIRO MILÊNIO”, onde aponto possibilidades de uma educação holística, voltada para o “SER MAIS HUMANO”.
Acreditando na necessidade da educação para a sensibilidade, onde o principal foco é o SER em detrimento do TER. Glorifico o cientista e pacifista Einstein, pois quando ele estava no ápice de seus estudos e esgotado por isso, buscava equilíbrio, sensibilização e harmonia através da música clássica de Mozart, tocada em seu violino.
Este projeto foi elaborado no mesmo ano em que foi criada a “PRAÇA DA PAZ”
Agora, em 2010 estou vivendo o grande ciclo da minha vida. Quero me colocar a inteira disposição das autoridades para ser sabatinada a respeito do fundamentalismo religioso e todas as suas conseqüências.
Creio na Unidade de pensamentos inteligentes para chegar a um denominador comum para assim erradicar esse câncer maligno cujas metástases estão encubadas no inconsciente coletivo pela má interpretação das Sagradas Escrituras. “Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça”.
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Pelotas, 23 de maio de 2010